Por Celso Fonseca
O que é oralidade? Mas muitos preferem dizer contar histórias, termo que em inglês corresponde a “storytelling”. Desde que conheci esse método e comecei a aplicá-lo tenho sido impactado pelos resultados alcançados.
Storytelling é uma metodologia ativa cada vez mais reconhecida como um meio eficaz de aprendizado. Seja no setor de negócios ou no meio acadêmico. Ainda que no ocidente, o método é usado apenas como alternativa ao modelo de aula expositiva, em nossos cursos ele é usado como método principal porque é certamente o método mais eficaz para se utilizar com os “povos de culturas orais”. Ou seja, mesmo que alguns missionários e pregadores não reconheçam essa inclinação em si mesmos como sua melhor maneira de aprender, eles devem reconhecer e considerar que será a melhor maneira de ensinar onde eles vão servir em missões. Isso porque 3 em cada 4 pessoas no mundo tem essa inclinação na maneira de aprender.
Se tem base bíblica? Tem. E muita!
A ideia provém muito mais da teologia bíblica em contraponto a teologia sistemática. Veja alguns exemplos bíblicos:
Quando Jesus contou sua própria história no caminho de Emaús.
Quando Josué resumiu a história dos israelitas desde os seus antepassados, descrevendo a fidelidade de Deus.
Quando os israelitas cantavam e narravam as maravilhas do Eterno (Sl 104 – 106).
Os evangelhos são as histórias que os apóstolos, testemunhas oculares de Jesus contavam em como tudo havia se passado.
As histórias da criação e dos patriarcas foram as histórias que evangelizaram a Moisés e que ele registrou sob a inspiração do Espírito de Deus.
Jesus utilizou as parábolas para ilustrar e explicar a realidade do reino de Deus.
Na verdade, Jesus não ensinava sem ser por parábolas. (Mt. 13:34)
Em Hebreus e nas cartas de Paulo as histórias são abundantes.
Mas é no livro de Atos onde as histórias contadas ganham enorme espaço na evangelização.
No fim das contas, 75% das Escrituras são histórias e narrações.
No Evangelho de Marcos, o autor não usa conceitos para passar sua mensagem. Ele usa as histórias dos fatos e as ordena teologicamente para que os ouvintes descubram por eles mesmos quem é Jesus.
Então, o que é que interessa nas histórias contadas? Histórias que revelam Jesus expondo o plano de salvação. Essas histórias devem mostrar o agir de Jesus na vida do homem, tanto nas Escrituras como na nossa vida pessoal. Como nós vemos em Marcos 5:1-20.
Oralidade no Evangelho de Marcos
Sabemos que Marcos foi escrito cerca de 30 anos após a ressurreição de Jesus. Durante esse período, as histórias eram contadas por testemunhas oculares dos fatos e depois recontadas por aqueles que ouviam e acreditavam.
Podemos fazer um passeio muito aventureiro pelo evangelho de Marcos entre o capítulo 4 e 5.
A parábola da semente espalhada é fundamental para entender todas as outras. Mc 4:13. A da candeia, da semente e da mostarda. Jesus conta as parábolas “conforme a capacidade dos ouvintes” v. 33.
Na sequência, Marcos conta quatro histórias que respondem a pergunta feita na primeira delas.
Jesus tem poder sobre a criação. A Tempestade: “Quem é esse homem?”
Jesus tem poder sobre os demônios. A história do homem endemoniado é a nossa história. É o testemunho pessoal. Vá e conte a sua história.
Jesus tem poder sobre a enfermidade. Cura uma mulher que os médicos não podiam curar.
Jesus tem poder sobre a morte. Todos sabiam que a menina estava morta.
Contar histórias é
- confiar no poder da Palavra de Deus sem a necessidade de adição.
- É reconhecer e reverenciar a única mensagem que Deus falou.
- É dar a oportunidade a todos de receber com entendimento.
- É dar a oportunidade para que se descubra as verdades espirituais por si mesmo.
- É fazer teologia no seio da comunidade.
- É colocar a Palavra de Deus no coração, onde deve ser o lugar dela.
- É dar livre percurso para a Mensagem chegar até a última pessoa deste mundo.
O resultado do ministério através da oralidade é que todos os participantes aprendem a contar as histórias tiradas da Palavra de Deus.
Nossos missionários Celso e Andreia Fonseca servindo ao Senhor compartilhando o que Ele tem feito por meio deles no campo missionário, fazendo discípulos e treinando novos obreiros para a seara.