Religião sem Deus

Não se pode matar em nome de Deus

É impressionante como a Torah fala ainda hoje! Em Gênesis 34 temos uma história sem Deus. A religião está lá como sempre esteve e sempre estará na história da humanidade. Mas essas são ocasiões quando os homens se esquecem de Deus e se fazem deuses, eles mesmos.

Tragédias entre Paris e África

Em nome da religião o Boko-Haran está matando na Nigéria. Em nome da religião os irmãos Kouachi mataram em Paris. Em nome dessa mesma religião alguns muçulmanos atacaram igrejas e as incendiaram, mais de 55, no Níger. Em Dakar, na manifestação do último sábado, havia claramente o apoio aos irmãos Kouachi que mataram 12 pessoas na sede de um jornal na França. Por isso, Perguntei a um amigo muçulmano: os irmãos Kouachi são bons muçulmanos? Ele disse sim. Perguntei ainda: Deus está contente com eles? Ele disse sim! Ele explicou que os jornalistas estavam brincando com Deus e que de Deus não se zomba. Eu concordei, mas disse que nós, discípulos de Jesus, confiamos no Justo Juiz e não temos dele a autorização para matar.
A história do primeiro livro de Moisés é de violação, de mentiras, de vingança, de traição e de assassinato. Nada diferente dos nossos dias. Nessa história a religião entrou como um meio para se obter fins maléficos. Nada diferente dos nossos dias.
A filha de Jacó, Dina, foi violentada pelo jovem Siquém, habitante da terra onde Dina e seu clã eram estrangeiros. O jovem se diz apaixonado pela jovem violentada e propõe casamento. Isso poderia bem reparar parte do erro cometido. Mas os irmãos de Dina estavam coléricos. Eles ficaram furiosos e alimentaram o desejo de vingança. Por isso eles usaram a religião herdada do seu bisavô Abraão para enganar e matar os habitantes da aldeia de Siquém.

Um dos cartazes levantados em Dakar. Obelisco de Dakar ao fundo
Um dos cartazes levantados em Dakar. Obelisco de Dakar ao fundo

Quem eram os filhos de Israel?

Tendo em vista quem era esse clã de Israel e quais eram as promessas que repousavam sobre eles, isto é, Deus havia prometido abençoar todos os povos da terra por meio deles (12:3), a pergunta que se faz é se Deus foi derrotado nesse acontecido.
Essa gente era representante de Deus. Eles não pestanejaram em colocar a religião na frente de suas intenções e propuseram que todos os homens da aldeia de Siquém se circuncidassem (v.14-15). Mas a proposição religiosa era apenas um engodo para enfraquece-los e matá-los.

Religião vs. Deus

A religiosidade estava ali, mas Deus não estava. A ordenança da circuncisão foi esvaziada de seu significado e como tal foi aceita pelos aldeões daquela terra. Quando os rituais e os símbolos de uma religião se esvaziam, não há mais espiritualidade.
Na maioria dos conflitos religiosos, a religião é apenas a desculpa que se usa para se manipular os poderes políticos, econômicos e militares.
A circuncisão, como o batismo, era um sinal da união com Cristo antes de mais nada (Rm. 6:3-11). Mas os filhos de Israel rapidamente a transformaram em um sinal da união entre eles mesmos e a impuseram aos que queriam se unir a eles.
Outra coisa que a religião não pode produzir é a experiência com Deus. Os rituais vazios não podem. Jacó demorou muito para conhecer a Deus. Agora seus filhos eram apenas religiosos. É essa experiência com Deus que pode nos livrar do poder do pecado. Sem Deus, o que resta é o que vemos nessa história: Mentira, traição, vingança, desesperança, maus testemunhos.

Somo diferentes hoje?

Sim e não. Não somos diferentes no sentido em que como eles não estamos debaixo de um Estado justo e nem religioso. A igreja não foi chamada para comandar o Estado. O Estado deve ser laico. Se o Estado não fazer a justiça de Deus, nós devemos confiar em Deus. Eles viveram antes da lei de Moisés que regulou um Estado Santo. E quando ele escreveu sobre o crime como o de Siquém, ele definiu muito bem a pena devida (Dt. 22:28-29). O agressor deveria se casar com a mulher violentada e não teria jamais o direito de se divorciar dela, além de pagar um alto dote.
Sim, somos diferentes no sentido de que fazemos parte do povo de Deus pela fé e gozamos de livre consciência. Nossa consciência é amoldada dia a dia pela Palavra de Deus.
Somo Livres para Encarnarmos os Valores do Reino de Deus
Como devemos reagir as agressões que sofremos no Níger esses dias? Se somos ofendidos e humilhados, podemos reclamar ao Estado? Sabemos que os presidentes africanos e muçulmanos que foram à marcha de Paris no dia 11 de janeiro, domingo após o atentado, foram duramente criticado pelos muçulmanos e a crítica foi grandemente instrumentalizada pela oposição. Espera-se que o Estado puna os agressores. Mas nós confiamos em Deus! Se o Estado não fazer justiça, Deus fará. E não acredito que os Kouachi foram usados para fazer justiça. Eles promoveram a injustiça.
Quando vivemos esses problemas temos a oportunidade de expressar os valores do Reino de Deus, como o respeito ao outro, a valorização da mulher, o perdão, a graça, a Palavra e a educação, a verdade! Nenhum desses valores foram praticados pelos filhos de Jacó. Eles não respeitaram a opinião do pai e nem da própria Dina. Eles não perdoaram e não tiveram misericórdia. Eles não buscaram a educação para os outros e nem se educaram a si mesmos. Eles não falaram a verdade.

Deus é soberano mesmo nas más consequências

Tudo tem sua consequência. Simeão e Levi, autores da carnificina perderam seus direitos de primogenitura (49:5-7). O próprio Jacob viveu uma vida enganando e sendo enganado. Mas Deus manteve suas promessas e transformou tudo em salvação.

Pastor Celso

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