O amálgama com respeito aos muçulmanos

Temos usado muito o termo francês “amalgame” que não tem tido o mesmo entendimento na nossa língua.

O dicionário online Michaelis nos dá, em português, ao menos uma referência da palavra “amálgama” significando “confusão”.

Sociologicamente, no português a palavra é usada no sentido de uma mistura efetivada, enquanto no francês ela é aplicada ao julgamento dos outros.

Em francês, o termo tem sido usado nos debates desses últimos dias, por causa da crescente violência praticada por radicais islâmicos, desde o evento do Estado Islâmico (EI) passando pelo Boko Haram e pelos ataques ao Charlie e às mais de 50 igrejas no Níger.

Os muçulmanos em todo lugar, principalmente na Europa clamam contra o “amalgame”. Mas, vamos entender um pouco mais esse conceito.

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Matador da Scooter NÃO AO AMÁLGAMA A utilização de uma scooter da marca Yamaha não compromete em nada, nessa tragédia, a responsabilidade dos nossos amigos japoneses.

Segundo a Wikipedia.fr trata-se de uma linguagem figurada que consiste em associar abusivamente pessoas, grupos ou ideias.

Por exemplo nós cristãos. Nós não gostamos de sermos vistos todos da mesma forma. Frequentemente queremos fazer valer nossas diferenças. Nós pastores – somos todos iguais? Temos uns ditados em nossa língua quando falamos dos outros: “são todos da mesma laia” ou “são todos farinha do mesmo saco”.

É difícil desfazer essa associação de grupos, esse amálgama. É difícil porque nossa natureza humana nos leva ao prejulgamento dos outros. É mais fácil rotular as pessoas do que conhecê-las. O amálgama faz parte da aparência social. Mas Deus não olha para a aparência (1Sm 16:7)

Esse erro de julgamento é, frequentemente fruto da falta de conhecimento. Mas pode ser ocasionado intencionalmente para prejudicar um grupo.

Infelizmente temos que provar, muitas vezes, que somos diferentes daqueles que, tendo algo em comum conosco, se comportam mau. E essa prova só vai ser aceita dependendo da disposição do outro, que julga, de refazer seus conceitos sobre nós.

Se nós dissermos que todos os muçulmanos são violentos como os extremistas do EI, cometemos um erro de julgamento.

Com o ataque do último domingo na Líbia, quando o EI matou vinte e um egípcios cristãos, configurou-se uma oportunidade dos governos, partindo dos governos egípcio e libiano, mostrarem ao mundo que há diferença entre os muçulmanos.

A coisa é complexa e por isso o amálgama é provável. O governo libiano, que não é reconhecido pela comunidade internacional é considerado de linha islamista. O EI se diz jihadista. Então será um confronto entre islamistas e jihadistas.

Muitos vozes do nosso lado dizem que a jihad consiste em uma luta armada contra outras religiões e é parte fundamental da religião islâmica. Mas a grande maioria dos muçulmanos insiste que a jihad é apenas uma militância pela fé, como a evangelização entre os cristãos.

Creio que nós, que trabalhamos em países de maioria muçulmana, podemos testemunhar de fato que eles não pensam em usar a violência contra os outros.

Vamos evitar o amálgama e dar a oportunidade aos governos de maioria muçulmana punirem exemplarmente os criminosos em nome do Islã, que estão aumentando em número por aí.

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Se o amálgama é um julgamento, Jesus nos proibiu de julgar as pessoas, mas não as ideias. Julgar as ideias é nosso dever. Se os terroristas interpretam mal o Corão, cabe aos outros muçulmanos demonstrarem isso.

Para evitar o amálgama é necessário seguir o conselho de Paulo e “julgar os de dentro” (1Co.5:12).

Pastor Celso

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